terça-feira, 11 de agosto de 2015

Cearense é a primeira surda a assumir direção de escola especializada

Cearense é primeira surda a assumir direção de escola especializada

Débora Vasconcelos é a primeira educadora surda a assumir a direção de uma instituição pública especializada na educação de pessoas surdas. Implantar ensino integral é um dos desafios da nova gestora
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FOTO: TATIANA FORTES/ESPECIAL PARA O POVO
Débora Vasconcelos é diretora interina do Ices

Estudo, perseverança e autoconfiança talvez definam o dia a dia de superações e o caráter de Débora Vasconcelos. A educadora é a primeira diretora surda de uma instituição pública estadual especializada no ensino para surdos do País. De sorriso largo, Débora assumiu, ontem, o Instituto Cearense de Educação de Surdos (Ices) respaldada pela própria história de “luta para acabar com preconceitos”.

“Todos temos como referência um ouvinte guiando surdos. Agora não. É diferente. Eu entendo a necessidade deles”, disse Débora diante do cargo que assume interinamente, no lugar da educadora Juliana de Brito, aprovada em outro concurso.

Empolgados, profissionais da área de educação e estudos com Libras destacaram a expectativa com a chegada de Débora à direção do Ices. A professora de português Emanuela Vieira acredita em ganhos para um ensino verdadeiramente adaptado. “Acho que vamos avançar em termos de material didático apropriado”.

O vice-presidente da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), Rodrigo Machado, surdo, diz sentir-se orgulho e feliz com a posse de Débora. “Ela quebra paradigmas e traz reflexões para a sociedade estabelecer políticas públicas na área de educação inclusiva”. A vice-presidente da Associação dos Profissionais Intérpretes da Língua Brasileira de Sinais do Ceará (Apilce), Izalete Vieira, comemora visibilidade para os intérpretes. “À medida que os surdos ganham espaço vamos também conquistando mais reconhecimento”.

Nos estudantes do Ices, a conquista de Débora traduzia-se na palavra “exemplo”. “A gente sabe que pode conseguir como ela conseguiu”, celebrava Mirella Cabral, 20.
Problemas na inclusão

Segundo Débora, o grande desafio, diante do Ices, será implantar o ensino integral como possibilidade de os estudantes melhor se aperfeiçoarem. Diante da realidade da educação inclusiva, ela diz que ainda não conquistamos o ideal “Alunos surdos precisam de uma metodologia própria. O ensino regular é todo voltado para ouvintes. Não há como surdos desenvolverem o máximo do seu potencial. Temos professores empenhados, mas com medo, despreparados”, avalia.

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