Cearense é primeira surda a assumir direção de escola especializada
Débora Vasconcelos é a primeira educadora
surda a assumir a direção de uma instituição pública especializada na
educação de pessoas surdas. Implantar ensino integral é um dos desafios
da nova gestora
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Estudo, perseverança e autoconfiança
talvez definam o dia a dia de superações e o caráter de Débora
Vasconcelos. A educadora é a primeira diretora surda de uma instituição
pública estadual especializada no ensino para surdos do País. De sorriso
largo, Débora assumiu, ontem, o Instituto Cearense de Educação de
Surdos (Ices) respaldada pela própria história de “luta para acabar com
preconceitos”.
“Todos temos como referência um ouvinte
guiando surdos. Agora não. É diferente. Eu entendo a necessidade
deles”, disse Débora diante do cargo que assume interinamente, no lugar
da educadora Juliana de Brito, aprovada em outro concurso.
Empolgados,
profissionais da área de educação e estudos com Libras destacaram a
expectativa com a chegada de Débora à direção do Ices. A professora de
português Emanuela Vieira acredita em ganhos para um ensino
verdadeiramente adaptado. “Acho que vamos avançar em termos de material
didático apropriado”.
O vice-presidente da Federação Nacional
de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), Rodrigo Machado, surdo,
diz sentir-se orgulho e feliz com a posse de Débora. “Ela quebra
paradigmas e traz reflexões para a sociedade estabelecer políticas
públicas na área de educação inclusiva”. A vice-presidente da Associação
dos Profissionais Intérpretes da Língua Brasileira de Sinais do Ceará
(Apilce), Izalete Vieira, comemora visibilidade para os intérpretes. “À
medida que os surdos ganham espaço vamos também conquistando mais
reconhecimento”.
Nos estudantes do Ices, a conquista de
Débora traduzia-se na palavra “exemplo”. “A gente sabe que pode
conseguir como ela conseguiu”, celebrava Mirella Cabral, 20.
Problemas na inclusão
Segundo
Débora, o grande desafio, diante do Ices, será implantar o ensino
integral como possibilidade de os estudantes melhor se aperfeiçoarem.
Diante da realidade da educação inclusiva, ela diz que ainda não
conquistamos o ideal “Alunos surdos precisam de uma metodologia própria.
O ensino regular é todo voltado para ouvintes. Não há como surdos
desenvolverem o máximo do seu potencial. Temos professores empenhados,
mas com medo, despreparados”, avalia.
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