terça-feira, 11 de agosto de 2015

Tecnologia para Surdos

Brasileiros desenvolvem aplicativo para facilitar a comunicação entre surdos e ouvintes no dia a dia


Já imaginou uma tecnologia assistiva capaz de captar o som da voz humana e transformá-la na linguagem de sinais dos surdos, a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais)? E o contrário, com os sinais da LIBRAS sendo captados visualmente e transformados em voz? Pense agora nessa inovação tecnológica como um aplicativo de celular, portátil e de fácil acesso. Não, não estamos falando de um filme de ficção científica ou de um futuro distante.

Na verdade, essa tecnologia já existe, desenvolvida por alunos do curso de Ciência da Computação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em janeiro de 2010, a partir da observação das necessidades e dificuldades enfrentadas por um colega surdo no dia a dia – como se comunicar com outras pessoas, conseguir assistir a uma aula ou mesmo pedir informações básicas –, os estudantes João Paulo Oliveira, Lucas Soares, Amirton Chagas, Flavio Almeida e Daniel Ferreira coletaram informações para a construção do ProDeaf, uma solução para as barreiras de comunicação entre um surdo e um ouvinte.

“A ideia surgiu no ambiente da universidade, onde fizemos as primeiras versões de um protótipo bem limitado, que funcionava para alguns cenários menores. Hoje estamos trabalhando para ampliar e transformar essa tecnologia em uma ferramenta geral, que possa ser usada em qualquer cenário com um deficiente auditivo”, conta João Paulo.

Em julho de 2011, João Paulo e os colegas inscreveram o protótipo na Imagine Cup (competição anual promovida pela Microsoft que reúne estudantes do mundo todo para apresentarem suas tecnologias) e o apresentaram na cidade de Nova Iorque. Os estudantes brasileiros ficaram com a 2ª colocação mundial, dando enorme visibilidade ao projeto iniciado na universidade.

Após a competição o grupo montou a startup Proativa, empresa de software que passou a ser o novo ambiente de desenvolvimento do ProDeaf. Por meio da startup, conseguiu-se um financiamento para montar a equipe de desenvolvimento e o projeto foi inserido em uma visão mais mercadológica. A Proativa conseguiu apoio do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio de um edital que hoje paga a maior parte da equipe que trabalha no projeto. A empresa também iniciou parceria com a FITec, uma instituição de ciência e tecnologia, sem fins lucrativos, que investe no desenvolvimento do ProDeaf, inclusive contratando surdos para testar a tecnologia. Além disso, a Proativa está em parceria com o Voxarlabs, um laboratório da UFPE focado em reconhecimento de gestos.

Aplicativo assistivo
Explicando de forma detalhada o processo de reconhecimento de voz e transformação em LIBRAS feito pelo ProDeaf: um ouvinte fala uma expressão qualquer, por exemplo, “como faço para chega à escola”. A voz dele é gravada e enviada para o servidor do aplicativo, que reconhece e transforma essa voz em texto. Ao transformá-la em texto, o aplicativo consulta o dicionário LIBRAS do aplicativo, pega cada palavra/expressão e gera o sinal em LIBRAS equivalente. O sinal volta para o celular na forma de um avatar visível no display do aparelho, com a expressão de voz convertida em LIBRAS para que um surdo entenda.

Já o processo de conversão da LIBRAS em voz funciona da seguinte forma: o surdo gesticula os sinais em frente à câmera, que faz o reconhecimento dos gestos. Esses gestos são enviados para o servidor, que traduz a expressão de LIBRAS para português em forma de texto e sintetiza a voz humana equivalente aos sinais. O aplicativo não se limita à comunicação in loco, podendo ser utilizado também em ligações telefônicas.


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